Principais correntes da Psicologia: objectos e métodos

 

 

Correntes:

·         Associacionismo de Wilhem Wundt (1832-1920)

·         Behaviorismo de John B. Watson (1878-1958)

·         Gestaltismo de Wolfgang Kohler (1887-1967)

·         Psicanálise de Sigmund Freud (1856-1939)

·         Construtivismo de Jean Piaget (1896-1980)

 

 

Associacionismo – Wundt

Esta corrente estudou a consciência humana, e em especial as suas experiências sensoriais, seguindo o modelo da Química (segundo o qual, todas as substâncias são compostas por átomos que se combinam formando moléculas). Neste sentido, foi designada por concepção atomista, porque decompôs os processos mentais nos seus elementos mais simples (sensações, ideias), a fim de descobrir as suas combinações e conexões no sistema nervoso e as estruturas que com eles estavam relacionados.  Foi também designada por concepção estruturalista, dado que o seu objectivo era o estudo da estrutura da consciência.

Wundt apresenta os processos mentais conscientes como objecto de estudo e a introspecção controlada como método. Procura identificar os elementos básicos da consciência – as sensações. Ao sabermos o modo como se combinam as sensações, identificaremos a estrutura da actividade consciente. Daí esta concepção ser vulgarmente designada por associacionismo. Apesar de Wundt representar o ponto de partida da Psicologia científica, a sua concepção não rompe com a tradição introspectiva, muito próxima da Filosofia. (idêntico à Filosofia)

 

 

Reflexologia – Pavlov

Ao estudar as secreções gástricas, descobre que para além dos reflexos inatos, se podem desenvolver, nos animais e seres humanos, reflexos aprendidos. No decorrer de uma experiência, apercebe-se que o cão salivava não só quando via o alimentoreflexo inatomas também quando se davam outros sinais associados ao alimento, como o som de uma campainha – reflexo condicionado.

Dedica-se a estudar profundamente a actividade nervosa superior. É no córtex cerebral que se vão formar, modificar e desaparecer os reflexos condicionados.

Os reflexos – inatos e condicionados – seriam o fundamento das respostas dos indivíduos aos estímulos provenientes do meio.

 

 

Behaviorismo – Watson

Watson rompe com a concepção tradicional de Psicologia sendo considerado o pai da psicologia científica. Recorre ao método experimental para estudar o comportamento. O comportamento (behavior) é o conjunto de respostas observáveis a estímulos igualmente observáveis provenientes do meio. Somos totalmente condicionados pelo meio [R = f (S) – as respostas em função das situações]. Alterando as situações que condicionam o comportamento podemos modificá-lo. O estabelecimento de leis do comportamento resulta do estudo das variações das respostas em função da situação. O psicólogo, conhecendo o estímulo, deverá ser capaz de prever a resposta e se conhecer a resposta deverá poder identificar o estímulo. Watson considera que a existência de factores hereditários é irrelevante e que os factores do meio são determinantes no desenvolvimento da criança

Crítica: Apresentou uma concepção limitada e simplista de comportamento ao reduzi-lo à fórmula E – R (estímulo – resposta). Omitiu das suas investigações os processos mentais e factores fundamentais para a compreensão do comportamento: história da vida do sujeito, a sua personalidade, etc.

Piaget e Fraisse consideram que o comportamento é a manifestação de uma personalidade (P) numa dada situação (S) - R = f (S            P) . O comportamento é o produto de um processo complexo, em que intervêm factores internos e externos, a personalidade vai-se construindo no contexto do meio; nas diferentes situações vividas pelo sujeito. Por outro lado, o modo como a situação é encarada, interpretada, depende também da personalidade e das experiências anteriores do sujeito.

 

 

Gestaltismo – Köhler

O gestaltismo é uma corrente que deu um importante contributo na construção da Psicologia como ciência. Apesar de também estudar experiências conscientes vai-se demarcar da corrente associacionista, que defendia que a vida mental era constituída por elementos que se associavam. Opondo-se a esta concepção atomista e associacionista, postula que qualquer fenómeno psicológico é uma totalidade organizada, não redutível à soma dos elementos que a compõem, a percepção dos objectos é diferente da percepção do somatório dos elementos que o constituem. Percepcionados formas organizadas, totalidades – primeiro o todo que as partes. O gestaltismo considera o contexto em que ocorrem os fenómenos psicológicos (campo) fundamental para a compreensão dos mesmos, e enfatiza os processos de organização mental.

 

 

Construtivismo – Piaget

O construtivismo é a teoria do desenvolvimento do conhecimento, que procura descobrir as raízes dos distintos tipos de conhecimento desde as suas formas mais elementares e seguir o seu desenvolvimento até aos níveis superiores, nomeadamente o conhecimento científico.  

Piaget parte do pressuposto que o conhecimento é uma continua construção, e que a inteligência não é mais do que uma adaptação do organismo ao meio, em resultado de um equilíbrio entre as acções do organismo sobre o meio e deste sobre o organismo (interacção).

O construtivismo (ou psicologia genética) procura explicar o desenvolvimento do pensamento (inteligência) como um processo que atravessa várias fases. Cada uma delas representa um estádio de equilíbrio, cada vez mais estável, entre o organismo e o meio, onde ocorrem determinados mecanismos de interacção, como a assimilação e a acomodação.

Esta é uma concepção psicogenética do conhecimento, atribuindo ao indivíduo um papel activo na construção do conhecimento. As estruturas da inteligência não são apenas inatas e o sujeito não organiza a experiência do meio apenas a partir dessas estruturas (como defendia o gestaltismo) e o comportamento não é apenas o resultado da acção do meio sobre o sujeito (como defendia o behaviorismo). O conhecimento é o produto de uma construção contínua do sujeito agindo sobre o meio

 

 

Psicanálise – Freud

As concepções desenvolvidas por Freud têm um papel central na história da Psicologia pelo seu carácter inovador e revolucionário. O fundador da Psicanálise recusa a concepção, então vigente, segundo a qual o comportamento seria totalmente controlado pela razão e pela vontade. Afirma a existência do inconsciente que define como uma zona do psiquismo constituída por desejos, impulsos, fundamentalmente de carácter sexual – libido. Como o próprio nome indica, não seria possível aceder, através da introspecção, a esses materiais inconscientes; contudo, teriam grande influência no comportamento.

Uma outra inovação apresentada pela Psicanálise foi a afirmação da existência da sexualidade infantil, anterior, portanto, à puberdade. Manifestando-se desde o nascimento, a sexualidade assume diferentes manifestações nos diferentes estádios psicossexuais sendo um elemento essencial no processo de desenvolvimento da personalidade.

 

Segundo Freud, o psiquismo humana seria constituído pelas seguintes zonas: id, ego e superego. O id é a zona inconsciente, constituída por pulsões, recordações e desejos de que não temos consciência. Existe desde o nascimento, regendo-se pelo princípio do prazer. Este princípio orienta-se pelo objectivo de satisfazer os impulsos e desejos, fundamentalmente de natureza sexual. O ego é a zona consciente do psiquismo que se forma a partir do id no primeiro ano de vida. Pressionado pelo id, que visa a realização de desejos e pulsões, e pelo superego, que representa a moral, o ego vive frequentemente conflitos. O superego é a instância do psiquismo que corresponde à interiorização dos valores e normas sociais e morais vigentes na sociedade. Constrói-se entre os 3 e os 5 anos no processo de socialização tendo como modelos os pais e outros adultos significativos. Pressiona o ego para não realizar os impulsos do id. O ego orienta-se pelo princípio da realidade que procura responder às exigências sociais.

            Com características específicas, as três instâncias do psiquismo têm dinâmicas próprias que são geradoras de conflitos. Concretamente, o ego é simultaneamente pressionado pelo id (satisfação dos desejos) e pelo superego (componente moral do psiquismo). As situações e conflito são geradoras de angústia e ansiedade existindo então mecanismos de defesa do ego (meios para reduzir os sentimentos de angústia a ansiedade/tensão que resultam desses conflitos.