Desenvolvimento moral

 

Para Piaget o Desenvolvimento moral dividia-se em duas fases:

  • Absolutismo moral (moral heterónoma) - Entre os 10/11 anos, as crianças cumprem leis mesmo que não concordem com elas. Vejmos o seguinte exemplo: Uma mãe pede à filha para por a mesa e a miúda vai buscar os pratos e parte os 10pratos que a mãe lhe dera. Outra criança vai buscar um prato para comer a sobremesa mesmo depois de a mãe a proibir e ao subir por uma  cadeira desiquilibra-se e parte 4 pratos. Uma criança de 10 anos apoiava qual das crianças? Apoiava a que tinha partido menos pratos! Porque não pensa no motivo mas sim nas consequências.

 

  • Relativismo moral (moral autónoma) - Crianças com mais de 12 anos já escolhem se concordam ou não com as leis que devem cumprir.

 A teoria de Kohlberg enriqueceu o nosso pensamento, acerca do modo como a moralidade se desenvolve, apoiou uma associação entre a maturação cognitiva e na maturação moral e estimulou mais a investigação e outras teorias do desenvolvimento moral.

No entanto o desenvolvimento Moral na teoria de kohlberg mantém alguma similaridade com Piaget, mas o seu modelo é bem mais complexo. Com base nos processos de pensamento, evidenciados pelas respostas aos seus dilemas, Kohlberg (1969) descreveu três níveis de raciocínio moral, cada um dividido em dois estádios:

 

Nível I : moralidade pré – convencional. As pessoas, sob controlo externo, obedecem ás regras para evitar castigos ou para ser premiado, ou agir por interesse próprio. Este nível é típico das crianças dos 4 aos 10 anos.

Nível I: Moralidade Convencional ( ou moralidade da conformidade do papel convencional). As pessoas internalizam os padrões das figuras de autoridade, estão preocupadas com o ser ”bom”, agradar os outros e manter a ordem social. Este nível é tipicamente atingido depois dos 10 anos; muitas pessoas, mesmo na idade adulta, nunca vão além deste nível.

Nível III: Moralidade pós – convencion ( moralidade dos princípios morais autónomos) :

As pessoas, agora, reconhecem os conflitos entre padrões morais e o seu próprio isso julgamento com base em princípios de certo ou errado, igualdade e justiça. As pessoas, geralmente, não atingem este nível de raciocínio moral, até, pelo menos, ao inicio da adolescência, ou mais vulgarmente, no período do jovem adulto ou em nunca.

Kohlber, mais tarde, acrescentou um nível de transição entre os níveis II e II, quando as pessoas não se sentem limitadas pelos padrões morais da sociedade mas também ainda não desenvolveram, racionalmente, princípios derivados da justiça. Em vez disso, baseiam as suas decisões morais em sentimentos pessoais.

Na teoria de Kohlberg , é o raciocínio perante um dilema moral, que está subjacente à resposta de uma pessoa e não à resposta em si mesma, que indica o estado de desenvolvimento moral. Se o raciocínio se baseia em factores similares, duas pessoas que dão respostas opostas, podem estar no mesmo estádio.

Os estádios iniciais de Kohlberg correspondem, grosseiramente, aos estádios de Piaget do desenvolvimento moral na infância, mas os estádios mais avançados de Kohlberg vão até a idade adulta. Alguns adolescentes, e mesmo alguns adultos, permanecem no nível I de Kohlberg. Tal como as crianças pequenas procuram evitar o castigo ou satisfazer as suas próprias necessidades. A maioria dos adolescentes e adultos parece estar ao nível II . Eles sujeitam-se às convenções sociais, mantém o status e fazem as coisas certas para agradar os outros ou para obedecer à lei. Muitas poucas pessoas atingem o nível II, quando podem escolher entre dois padrões, socialmente aceites. De facto, numa determinada altura, dado que são poucas pessoas a atingi-lo, kohlberg questionou a validade do estádio 6. Contudo, mais tarde, propôs um 7º estádio – “cósmico” no qual as pessoas consideram o efeito das suas acções, não só nas outras pessoas mas também no universo como um todo.    

Uma das razões pela qual as idades ligas aos níveis de Kohlberg são tão variáveis é que, para além da cognição, factores como o desenvolvimento emocional e a experiência de vida, afectam o julgamento moral. As pessoas que atingiram um nível elevado de desenvolvimento cognitivo, nem sempre atingem um nível comparávelmente elevado de desenvolvimento moral. Assim, um certo nível de desenvolvimento cognitivo é necessário mas não é suficiente para um nível semelhante de desenvolvimento moral.

  • DILEMAS DE KOHLBERG:
  • Heinz: "Numa cidade da Europa, uma mulher estava a morrer de cancro. Um medicamento descoberto recentemente por um farmacêutico dessa cidade podia salvar-lhe a vida. A descoberta desse medicamento tinha custado muito dinheiro ao farmacêutico, que agora pedia dez vezes mais por uma pequena porção desse remédio. Henrique (Heinz), o marido da mulher que estava a morrer, foi ter com as pessoas suas conhecidas para lhe emprestarem o dinheiro pedido pelo farmacêutico. Foi ter, então com ele, contou-lhe que a sua mulher estava a morrer e pediu-lhe para o deixar levar o medicamento mais barato. Em alternativa, pediu-lhe para o deixar levar o medicamento, pagando mais tarde a metade do dinheiro que ainda lhe faltava. O farmacêutico respondeu que não, que tinha descoberto o medicamento e que queria ganhar dinheiro com a sua descoberta. O Henrique, que tinha feito tudo ao seu alcance para comprar o medicamento, ficou desesperado e estava a pensar assaltar a farmácia e roubar o medicamento para a sua mulher. Deve Heinz assaltar a farmácia para roubar o medicamento para salvar a sua mulher? E deveria Heinz assaltar a farmácia para roubar o medicamento para salvar a vida de um desconhecido?" 
  • Embora kohlberg seja considerado a autoriadde principal no campo desenvolvimento moral , não está isento de críticas, como é o caso de gilligan ( 1982) que defende uma orientação moral para o cuidado ou amor, acusando ao mesmo tempo kohlberg de não dar atenção suficiente à mulher  e de fazer prevalecer a orientação moral para a justiça sobre a orientação para o cuidado.